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Publicação de estudos científicos

Caros leitores, A Journal Health NPEPS (ISSN 2526-1010) é uma revista científica produzida pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNE...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Máscaras caseiras continuam eficazes, se usadas de forma correta

Há divergências ao redor do mundo sobre a necessidade da população em geral utilizar máscaras do tipo N95 (ou PFF2). Mas os especialistas concordam que o uso de máscara, mesmo de tecido, é essencial: a falta ou uso incorreto do item continua sendo um dos principais fatores de propagação do vírus.




Enquanto o processo de vacinação dá seus primeiros passos no Brasil, o uso de máscaras continua sendo fundamental para a contenção e controle do coronavírus, principalmente com suas mutações. Mas quais máscaras a população deve usar: as industriais, as caseiras ou ambas?

O questionamento acima é motivo de debate ao redor do mundo. Alguns países da Europa tornaram mais restritas as regras de proteção facial. As máscaras simples de tecido foram vetadas em locais públicos na Alemanha, França e e Áustria, tendo como justificativa oferecer uma maior proteção contra novas variantes do vírus encontradas no Reino Unido, África do Sul e  Brasil, que são mais contagiosas. Foi indicado o uso de máscaras do tipo N95, equivalente, no Brasil, ao modelo PFF2, com capacidade de filtrar mais de 90% das partículas. Países da Ásia como Cingapura e Coréia do Sul têm produzido em massa máscaras de alta qualidade para entregar à população.

A obrigatoriedade não é consenso. Nos EUA, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda máscaras comuns, porém bem ajustadas e com duas ou mais camadas de tecido lavável e respirável, deixando as máscaras cirúrgicas e industriais para os profissionais de saúde.

Também para a Organização Mundial da Saúde (OMS), máscaras deste tipo devem ser usadas por profissionais de saúde, pessoas com sintomas de covid-19 e quem entrou em contato com elas, além de pessoas com 60 anos ou mais ou com comorbidades que integram o grupo de risco. Já a população em geral pode continuar utilizando a máscara de tecido caseira com três camadas, capaz de filtrar até 70% das partículas.

A entrevistada do Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Thaís Guimarães, da Subcomissão de Controle de Infecção Hospitalar do Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC) da Faculdade de Medicina da USP, concorda. De acordo com ela, as máscaras de tecido são e continuam eficazes, se usadas de forma correta.

Thaís explica que o Hospital das Clínicas recomenda o uso de máscaras cirúrgicas N95 para profissionais de saúde e as de pano para o resto da população. O uso incorreto do item ainda continua sendo um dos principais fatores de propagação do vírus e a máscara deve estar bem adaptada ao rosto da pessoa, pois, se ela estiver frouxa, o nariz fica exposto, tornando seu uso ineficaz.

Quanto ao uso de protetores faciais (face shields), sua eficácia só acontece se o indivíduo estiver usando uma máscara em conjunto com o protetor. “A gente tem que ter a máscara de tecido embaixo, que é justamente para fazer a cobertura do nariz e da boca, que é por onde o vírus vai entrar”, conclui Thaís. De acordo com o tempo, após muitas lavagens, o tecido também pode perder sua trama, sendo necessária a troca por uma mais nova. A recomendação é que a máscara seja lavada diariamente, podendo ser usada novamente após estar seca.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Por que Cuba não tem DOI?

O sistema Digital Object Identifier (DOI) originado no final da década de 1990, a partir de uma iniciativa conjunta de três associações marcas registradas da indústria editorial (International Publishers Association; International Association of Scientific, Technical and Medical Publishers; Association of American Publishers). Consiste em uma sequência de caracteres que identifica exclusivamente um objeto digital e que é armazenado em um diretório DOI junto com sua URL. Desta forma, permite o acesso permanente a artigos e outros objetos disponíveis na web, independentemente da sua localização. Ele é desenvolvido e administrado pela International DOI Foundation (IDF), uma organização sem fins lucrativos que atua como órgão regulador de uma federação de agências de registro. 

Este sistema favorece a visibilidade dos artigos científicos e, com isso, potencialmente, o seu nível de citação e utilização ao permitir uma identificação, acesso e articulação mais rápidos com outros recursos. Ele também tem pontos fortes como um elemento de troca de metadados e para alcançar a interoperabilidade com outras plataformas, repositórios ou motores de busca. Para se ter uma ideia da sua importância, atualmente a indexação de revistas científicas em bases de dados de prestígio Internacional, como Web of Science (WoS), Scopus e SciELO, entre outros, é condicionada à utilização do DOI como elemento obrigatório de identificação dos artigos.

O primeiro aplicativo DOI para vincular citações a artigos eletrônicos foi desenvolvido em 2000 pela Publishers International Linking Association, Inc. (PILA), com o lançamento do Crossref como agência de registro. Outras agências para nível internacional, como Airiti, Inc., mEDRA (Multilingual European DOI Registration Agência) e DataCite, registrar DOI; mas o principal ainda é CrossRef, que é ele se especializou em trabalhar com revistas científicas e criou um verdadeiro monopólio na troca de informações. 

Sua sede fica em Lynnfield, Massachusetts, Estados Unidos, um país que há mais de 60 anos tem estabelecido e intensificado constantemente um bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba, por isso não é difícil deduzir o que pode acontecer quando seus serviços são solicitados à ilha. De acordo com as taxas promovidas pelo próprio site CrossRef, o pagamento anual para menos de 1 milhão de DOI é de $ 275. O valor aumenta, dependendo da quantidade de recursos a serem adquiridos, até $ 50.000 para mais de 500 milhões de identificadores. 

Cuba realizou diversos procedimentos para obter o direito de uso do DOI em suas revistas científicas; Inclusive, recorreu a fontes de terceiros para realizar o procedimento, o que equivale, na maioria das vezes, a dobrar ou triplicar o custo de aquisição. Geralmente a resposta foi negativa, citando o medo de ser sancionado com multas exorbitantes do governo dos Estados Unidos, o que também mostra o caráter extraterritorial da medida anticubana. Em outros casos, a mediação por terceiros é muito cara. Iniciativas de boa vontade também foram implementadas para ajudar a comunidade a resolver o problema. 

Coordenação Central da rede SciELO no Brasil, da qual Cuba é membro fundador, e por meio de fundações de apoio à pesquisa, tentando gerenciar compra sem envolver uma sobretaxa de custo para a aquisição, e executando o risco de sanção mencionado. Nenhum desses esforços foi bem-sucedido, porque quando tentaram levar a cabo o processo, os colaboradores foram informados de que o registro DOI em servidores norte-americanos de documentos originários de servidores cubanos é proibido pelo governo dos Estados Unidos.

Recentemente, em comunicação pessoal via email (07/07/2020), contactou DataCite (https://www.datacite.org), uma organização líder que promove DOI para dados e outros resultados de pesquisa, e sua resposta foi: “(…) DataCite funciona principalmente com a comunidade de pesquisa acadêmica para atribuir DOIs ao conteúdo de pesquisa (dados, imagens, literatura cinza) para que esses materiais possam ser compartilhados, citados, gerenciados, descoberto, conectado a artigos de jornal, etc. Nossos serviços são especificamente adaptados para oferecer suporte a esses tipos de materiais…. Se você estiver interessado em atribuir DOIs ao conteúdo do periódico, sugiro que entre em contato com o Crossref (https://www.crossref.org/contact/). 

Eles trabalham principalmente com a comunidade de editores de revistas ”. Por sua vez, Crossref ─ como empresa─ nunca se manifestou contra a indexação de documentos cubanos, nem sua política de filiação exclui Cuba, (5) mas a verdade é que quando uma de nossas redações de revistas deu passos acesso direto ao serviço, recebeu a recusa por proibição do Departamento de Estado dos EUA para qualquer contato direto com a ilha. Aqui está mais uma das muitas manifestações do bloqueio por parte do governo do Estados Unidos para prevenir o desenvolvimento socioeconômico de Cuba e, principalmente, o visibilidade e impacto da ciência produzida. No entanto, a ciência cubana continua avançando em qualidade e posicionamento internacional. 

A sua visibilidade também está a crescer e continuará a crescer com a utilização, em grande medida, de canais de comunicação próprios, apesar de não podermos contar com DOIs neste momento.




FONTE: José Enrique Alfonso Manzanet, publicado em InfoMed