DESTAQUE

Publicação de estudos científicos

Caros leitores, A Journal Health NPEPS (ISSN 2526-1010) é uma revista científica produzida pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNE...

terça-feira, 28 de abril de 2020

HORA DE DISTÂNCIA FÍSICA E SOLIDARIEDADE TOTAL

A pandemia de Covid-19 atingiu simultaneamente 156 países, em março, com a maior concentração de novos casos na Europa. No Brasil, mesmo com a vantagem de um sistema de saúde público e gratuito, as recomendações de distanciamento social e trabalho remoto esbarram numa realidade desigual de condições de moradia, trabalho e renda. Pesa também o contexto mundial, mais agudo aqui, de desvalorização do conhecimento científico e desrespeito a direitos humanos e sociais, resultando em ignorância, oportunismo e mais exclusão. Felizmente, ainda há solidariedade, como a dos profissionais da saúde, que se arriscam na linha de frente dos atendimentos e têm sido aplaudidos pela população.
Desinformação intencional virou problema de saúde pública. Desfazer o estrago que causam as fake news consome tempo e energia que deveriam ser direcionados à aproximação da população com especialistas da saúde, para que a realidade e as necessidades sociais interajam com o conhecimento, as orientações e as regulações sanitárias. Em três meses, a Fiocruz recebeu mais de 500 solicitações da imprensa para entrevistas. Em março, 40 por dia. Desde janeiro, 450 mil exemplares da Revista Radis chegaram às mãos dos leitores e o Portal Fiocruz, com bastante conteúdo sobre coronavírus, teve 3,3 milhões de acessos.
Profissionais de comunicação da Fiocruz querem promover diálogo entre os saberes técnico-científico e popular. É o caso de Pauliran Freitas, ao contar nesta edição suas aventuras atrás das câmeras em reportagens e documentários que têm como protagonistas suas paixões: o SUS e o povo. O repórter cinematográfico dedicou 47 dos seus 65 anos ao serviço público e ainda fala com entusiasmo sobre o futuro da comunicação e saúde.
Supostamente distante de tudo, a população ribeirinha da região amazônica vive no epicentro do processo de destruição socioambiental movido por agronegócio, mineração e grandes projetos não sustentáveis que reduzem a floresta, contaminam a água, ameaçam populações tradicionais e invadem reservas naturais, indígenas e quilombolas. É uma população que precisa muito do SUS. Em reportagem, o editor Adriano De Lavor mostra o difícil e belo trabalho de uma equipe multiprofissional numa Unidade Básica de Saúde Fluvial do município de Tefé/AM. A embarcação percorre as comunidades tratando cada grávida, cada criança, cada senhor ou senhorinha “como gente”, diz um dos ribeirinhos.
Respeito ao cidadão é o foco de Luiz Felipe Stevanim na matéria sobre como as informações pessoais digitais são hoje objeto de comércio e controle por parte de corporações e governos, com riscos à privacidade e à saúde. Luiz Felipe substitui como subeditor Bruno Dominguez, que deu enorme contribuição à revista, desde 2006. Outro colega que segue para novos desafios é Jorge Ricardo Pereira, que organizou e digitalizou todo o acervo do Programa Radis. Aos queridos Bruno e Jorge, nosso reconhecimento e agradecimento.
Em meio à crise sanitária, voltam a circular propostas de reduzir os salários já defasados de servidores como os professores, que formam nas escolas e universidades públicas os profissionais que se dedicam a estudar os fatores biológicos, sociais, econômicos e ambientais que determinam os processos de novas e antigas doenças. Por que reduzir salários de servidores como os pesquisadores e técnicos que, em tempo recorde, sequenciaram o genoma do coronavírus, desenvolveram tecnologia de diagnóstico, treinaram equipes brasileiras e sul-americanas para as testagens, trabalham em turnos ininterruptos para produzir milhões de kits para o SUS? Como reduzir ainda mais os salários de enfermeiros, médicos, técnicos, agentes e demais profissionais de saúde que cuidam das pessoas que estão sendo atingidas, com alto risco de se contaminar, trabalhando em condições inadequadas, dada a redução de investimentos no SUS, exercendo jornadas extenuantes, muitos deles mantendo-se afastados de seus lares para não contaminar suas famílias? Um jornal de decrescente circulação e baixíssimo compromisso social chegou a publicar editorial apoiando essa ideia, tão perversa quanto inócua para enfrentar a pandemia.
Em afronta a direitos e à situação de desemprego que desalenta as famílias brasileiras, cogitou-se autorizar a suspensão de contratos de trabalho e a suspensão ou redução de salários dos trabalhadores da iniciativa privada, na contramão do que todos os demais países estão fazendo. Que tipo de gente, em sã consciência, pensaria em penalizar e desproteger ainda mais os trabalhadores na iminência de uma doença? No país que destina cerca de 50% do orçamento da União para pagar sem questionar os juros e encargos de uma dívida pública nunca auditada, como já pontuaram diversos entrevistados em edições anteriores, por que não alocar no SUS e no enfrentamento à pandemia os recursos do pagamento dessa dívida e suspender os perversos efeitos do congelamento por 20 anos dos “gastos” com os serviços públicos a que a população tem direito e tanto precisa nessa hora?



Rogério Lannes,

RADIS Comunicação e Saúde - FIOCRUZ

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Cientistas brasileiros capturam o momento exato em que o COVID-19 infecta uma célula

As imagens mostram o comportamento dos patógenos do vírus enquanto alteram o citoplasma de uma célula de linhagem "vero".



A imagem do microscópio mostra a formação de um ponto preto que corresponde ao patógeno COVID-19. (EFE)



Cientistas brasileiros capturaram imagens do exato momento em que o novo coronavírus (COVID-19) infecta uma célula, informou na quarta-feira a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Brasil , o maior centro de pesquisa médica da América Latina.

As fotografias foram tiradas com um microscópio eletrônico de transmissão durante um estudo sobre a replicação viral do SARS-CoV-2 e mostram em detalhes o processo de contaminação de uma célula, anunciou a Fiocruz em comunicado.
Para isso, pesquisadores da Fiocruz, órgão vinculado ao Ministério da Saúde do Brasil, infectaram células da linhagem "Vero", frequentemente utilizadas para testes in vitro e culturas de células, com o coronavírus, causador da doença de COVID-19.
Em um dos instantâneos, observa-se uma série de manchas escuras, que na verdade são partículas virais do patógeno, tentando infectar o citoplasma da célula, dentro do qual está o núcleo, responsável por armazenar seu material genético.
Cravos pretos são patógenos da SARS-CoV-2, enquanto tentam infectar o citoplasma das células.  (EFE)
Cravos pretos são patógenos da SARS-CoV-2, enquanto tentam infectar o citoplasma das células. (EFE)
Em uma segunda imagem, o coronavírus inicia o processo de infecção e, finalmente, em outra injeção, as partículas virais dentro da célula já são visualizadas.
Nesse momento, o patógeno do vírus já infecta as células.  (EFE)
Nesse momento, o patógeno do vírus já infecta as células. (EFE)
O registro é inédito no Brasil e faz parte de uma investigação que estuda como o novo coronavírus se reproduz e que é conduzida por cientistas do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral e do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo.
O Brasil é o país latino-americano mais afetado pela nova pandemia de coronavírus, com 706 mortes e 14.275 casos confirmados até quarta-feira.
Segundo o Ministério da Saúde, que prevê que o pico chegue entre abril e maio, os dados mostram uma taxa de mortalidade de patógenos no país sul-americano de 4,9%.
O estado de São Paulo, o mais rico e mais populoso do Brasil, com cerca de 46 milhões de habitantes, é a região mais atingida, com 371 mortes e 5.682 infecções.







sábado, 11 de abril de 2020

ABEC Brasil e Ibict lançam repositório de preprints


Nos próximos dias, a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC Brasil) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) lançarão um repositório de preprints pioneiro, voltado para revistas científicas. Batizado de EmeRI – Emerging Research Information – o repositório parte de uma demanda de editores científicos, em meio à urgência de divulgar resultados de pesquisa sobre o novo coronavírus.original.
“Na concepção original, repositórios são alimentados por autores.  As revistas não têm tal recurso à disposição e não têm como oferecer a informação nesse estágio intermediário, entre a aprovação na revisão inicial de conformidade e a tramitação pelos pareceristas científicos e a preparação editorial. O EmeRI inova, ao oferecer essa possibilidade”, afirma Piotr Trzesniak, Secretário-Geral da ABEC Brasil e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“O apoio da equipe de Coordenação Geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos Consolidados do Ibict, comandada por Bianca Amaro, está sendo fundamental nessa rápida viabilização do projeto”, conclui. 
preprint é um artigo que ainda não passou pela tradicional avaliação por pares – que pode levar vários meses – mas que mesmo assim é disponibilizado para acelerar o acesso à informação. Atualmente, não há um servidor centralizado que permita às revistas científicas a publicação de preprints.
O EmerRI se propõe a ser uma plataforma aberta para revistas científica de todo o mundo, não apenas do Brasil, mas sempre com um olhar carinhoso para os países cientificamente emergentes. 
Será alimentado pelos próprios editores. Os preprints deverão ter passado pelo processo de desk review – aprovados para prosseguir para a etapa de revisão por pares -, segundo o critério de cada revista, além de ter a autorização dos autores.
A proposta surgiu há cerca dez dias e será lançada com a expectativa de contar com colaboração de toda comunidade ligada à produção e editoração científica para a alimentação, bem como para avaliação e sugestões que possam ajudar o aperfeiçoamento da plataforma.
Mais informações serão compartilhadas em breve.